22.02.2023

Entre chuva e muito choro, o Rei foi condenado e o Carnaval terminado

Foi num misto de tristeza e entusiasmo que uma multidão se reuniu para assistir ao Enterro do Entrudo nesta quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, momento que encerrou o programa deste ano do Carnaval de Torres Vedras. Às 21h00, já eram muitos os foliões de vela acesa que aguardavam o início do cortejo, na Avenida Tenente Valadim.

Envergando as suas capas negras, as Lúmbias abriam caminho para um cortejo fúnebre que se fez ao compasso de gaiteiros e bombos dos Ribombar, sem esquecer o choro das carpideiras e da Rainha já enlutada, que chorava o seu lamento do cimo da charrete onde seguia o ainda Rei do Carnaval de Torres Vedras.

A multidão foi se juntando aos Ministros e Matrafonas, Fidalgos, Marias Cachuchas, SacÁdegas e Real Confraria do Carnaval de Torres e nem a chuva fria fez o povo arredar pé. De vela numa mão e chapéu de chuva na outra, as gentes seguiram o pesaroso Rei até ao seu julgamento sumário, junto ao Tribunal de Torres Vedras.

O carrasco levou o Rei até ao juiz que abriu a audiência afirmando que "o destino estava traçado", mesmo antes de ouvir a única testemunha presente neste julgamento. Entre as tentativas de demover o juiz e os últimos beijos ao Rei, a Rainha ainda mencionou a ausência mais notada deste Carnaval, Luís Correia (popularmente conhecido como Corneta), que mereceu um enorme aplauso de todos os que assistiam.

O Rei despediu-se do povo folião, terminando com três vivas ao Carnaval de Torres Vedras. O tradicional boneco do Entrudo foi queimado ao som da música São 100 anos de Carnaval, numa noite que culminou com cerca de oito minutos de fogo de artifício. O Enterro do Entrudo marcou o final do Carnaval de Torres Vedras, numa edição que deu início às comemorações do seu Centenário.